Um idioma estrangeiro sempre reserva mais nuances do que a norma culta nos apresenta. Os cursos e livros didáticos nos preparam para diálogos formais, mas existem expressões que só as ruas são capazes de ensinar! É no contato com os locais, nos diálogos de metrô e nas piadas de mesa de bar que as versões mais populares de cada idioma vêm à tona.
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A língua francesa, tantas vezes associada à classe e refinamento, também é famosa por suas gírias. Você, estudante que já domina noções da gramática e pronúncia padrão, também deve se familiarizar com o Verlan para ter conversas mais descoladas com os franceses! Se está em busca de uma comunicação cada vez mais natural e descontraída fora da língua materna, este texto é para você.
O QUE É O VERLAN?
Conhecido como “língua invertida” ou “linguagem do espelho”, o Verlan é o dialeto francês que se define pela inversão do som das sílabas das palavras. A última sílaba da palavra original torna-se a primeira e assim sucessivamente, até que a primeira sílaba ocupe a última posição. Em palavras de uma única sílaba, inverte-se o som das letras.
Algumas sílabas podem ser modificadas no processo de inversão, para driblar fonéticas que se tornam impraticáveis no francês. Um bom exemplo está no próprio nome do dialeto: Verlan é a forma invertida da expressão “l’envers” (que significa “ao contrário” e se pronuncia “lanver”, em francês).
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ORIGEM DO VERLAN
Hoje, as gírias do Verlan são bastante conhecidas e populares entre grupos de pessoas consideradas modernas, descoladas. Mas nem sempre foi assim! A intenção inicial era justamente a oposta.
O Verlan surgiu entre os anos 50 e 60 como um código secreto usado principalmente na periferia da França, para despistar a xenofobia e a truculência policial remanescentes do pós-guerra. Ao usar o Verlan, o objetivo era comunicar sem que pessoas de outros grupos fossem capazes de compreender. As gírias foram incorporadas no cinema e na música (principalmente no hip hop), para falar de temas sensíveis ou polêmicos. Já foram encontrados registros de usos pontuais do Verlan durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive. Foi a partir dos anos 70 que seu uso se popularizou, transformando o Verlan em uma linguagem social.
COMO E QUANDO APLICAR O VERLAN?
Apesar de hoje ser considerado popular, o Verlan definitivamente não é adequado para todos os contextos! Seu uso é mais frequente entre jovens, principalmente nos subúrbios da França. Franceses mais velhos e de perfil mais conservador sequer irão entendê-lo ao inserir uma gíria invertida no diálogo. Aplicar o Verlan em situações mais formais (como no trabalho) pode ser considerado rude e inadequado.
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EXEMPLOS DE VERLAN
Para começar a se familiarizar com as gírias, aqui estão alguns termos bastante utilizados pelos franceses adeptos do Verlan:
Çaisfran / cefran – referente a “français” (francês)
Cimer – referente a “merci” (obrigada)
Résoir – referente a “soirée” (noite)
Reum – referente a “mère” (mãe)
Meuf – referente a “femme” (mulher)
Ouf – referente a “fou” (doido, maluco)
Chanmé – referente a “méchant” (irado, muito legal)
Ripoux – referente a “pourri” (podre)
Keum – referente a “mec” (rapaz, “cara”)
Stiquemou – referente a “moustique” (mosquito)
Zonmé – referente a “maison” (casa)
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